1)Cantigas de ninar e jogos de roda
Sabe qual é o primeiro gênero
literário da sua vida?
Acredite se quiser, ms são as cantigas
de ninar. Mais pelo som que pelas palavras cantadas, a criança
se envolve nas rimas*, nas aliterações** e sibilâncias***
destes trechos poéticos que a fazem adormecer. O mais curioso
é que estas trovinhas são as mesmas há várias
gerações, ou seja, o mais importante é a forma
com que ele é cantado e não exatamente o conteúdo.
"Nana nenê, que a cuca vem pegar, papai foi na roça,
mamãe no capinzal…". Hei, menino, acorda!!! Ainda tem mais…
* Rimas: É a repetição de um som ao final de
um ou mais versos.
** Aliterações:
É a
repetição de fonemas (sons).
***Sibilâncias: palavras com sons que se prolongam ou assobiam.
E o segundo gênero literário da
sua vida?
Aí já fica mais fácil. São
as cantigas de roda e os jogos e brincadeiras infantis. Quem é
que não brincou de "Corre Cotia na casa da tia"? E quem nunca
gritou bem alto o anti-ecológico: "Atirei o pau no ga-tô-
tô, mais o ga-tô- tô não morreu-reu-reu…"
É uma cultura tradicional infantil, que circula no mundo todo
e varia de acordo com as tradições e costumes de cada
região.
Quando começou esta cultura infantil
no Brasil?
Os historiadores dizem que foi por volta do século
12, resultado da fusão de várias culturas: a dos índios,
dos africanos e dos europeus, Mesmo no Brasil, os jogos de rua e de
salão, as cantigas de roda e as parlendas (ditos, rimas e trava-línguas)
têm variações locais, dependendo das influências
que cada área recebeu. Ah! E sabe daquele ditado "Quem conta
um conto aumenta um ponto"? É assim que a nossa cultura popular
de tradição oral vai se modificando de tempos em tempos,
incluindo gírias, marcas e trechos musicais de cada época.
Teste seus conhecimentos:
Você brincou bastante?
Então veja quais cantigas de roda você conhece de cor:
( ) A canoa virou
( ) O cravo e a rosa
( ) Atirei o pau no gato
( ) Eu sou pobre, pobre, pobre
( ) Ciranda, cirandinha
( ) Escravos de Jó
( ) Terezinha de Jesus
( ) Onde está a Margarida?
( ) Se essa rua fosse minha
Se acertou tudo, parabéns. Se não,
ainda dá tempo de aprender essas cantigas tão antigas…
2)As fábulas
animais
"A formiga e a cigarra", a "Lebre e a Tartaruga",
"O Lobo e o Cordeiro", "A galinha dos ovos de ouro", "O rato e o elefante",
"A raposa e as uvas"… Por que tantos animais nas histórias
que a gente ouve?
Depois das cantigas de roda, já na escola,
a criança começa a ouvir uma série de historinhas,
a maioria delas de fundo moral. Fáceis de entender, as fábulas
de animais
(contos maravilhosos onde os animais são os protagonistas)
exemplificam situações pelas quais a criança
vai passar, como inveja, competição, parceria… Além
da musicalidade e da poesia de seus textos, sempre curtinhos, estas
fábulas tem uma trama e um final sempre interessantes e bastante
próximos da realidade da criança.
Qual a característica destas fábulas
animais?
A métrica (que é como medimos os
versos de um texto ou poesia) não é cuidada, a língua
é rica e encantadora, e os personagens animais têm características
próprias de homens (falar, pensar, julgar…). Em literatura,
este recurso de dar vida a seres inanimados ou animais se chama personificação
ou prosopopéia. No final da história tem sempre uma
moral, uma lição que mistura a verdade humana com a
verdade dos animais.
Quem foram os primeiros escritores de fábulas
animais?
• Esopo, um grego que viveu no século VI
A.C. Algumas fontes dizem que era um personagem lendário;
• Fedro, um romano bastante inteligente e criativo.
Tem
também as fábulas medievais e os contos italianos, escritos
por centenas de autores não reconhecidos, mas que serviram
de fonte de inspiração para outros escritores.
Quem divulgou o gênero?
Pode-se dizer que foi La Fontaine, um francês
que nasceu em 1621. Ele estudou em um convento, renunciou à
carreira religiosa e se formou em direito. Foi obrigado a casar, mas
depois se separou, e aos 45 anos começou a escrever. As fábulas,
que garantiram a sua reputação e foram inspiradas principalmente
em Esopo e Fedro, começaram a ser publicadas em 1668.
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