Sempre igual ou sempre mudando?

Deus estava de bobeira em um belo dia, e resolveu criar as plantas e os animais, que já nasceram prontinhos: era nisso que as pessoas acreditavam até o século 18. Essa teoria, chamada de Criacionismo, achava que cada espécie, animal ou vegetal, tinha sido criada independentemente, por ato divino, e era imutável. Só que, no finalzinho do século 18, algumas pessoas começaram a perceber que essa idéia era meio furada.

Um dos primeiros a perceber que os seres vivos não tinham sido sempre iguais foi o Jean Baptiste Lamarck. Em 1809, ele publicou um livro chamado Filosofia Zoológica, em que explicava a teoria criada por ele, e que ficou conhecida como Lei do Uso e Desuso. A idéia do Lamarck era bem simples: ele achava que as mudanças no ambiente faziam os animais e plantas adquirirem novos hábitos, e que esses novos hábitos "criavam" mudanças no organismo deles!

Não deu para entender? Então preste atenção nesse exemplo: o Lamarck acreditava que, há muito tempo, as girafas tinham o pescoço curto. Só que, como elas moravam em um lugar que tinha poucas plantas no chão, as bichinhas começaram a esticar o pescoço para comer as folhas mais altas.Com essa"esticação", as girafas foram ficando pescoçudas, ou seja, como elas precisavam usar mais o pescoço, essa parte do corpo delas se desenvolveu.

E além disso, o Lamarck também achava que, depois que uma girafa desenvolvia um "pescoção", seus filhotes começavam a nascer pescoçudos também: essa era a Lei da Transmissão de Características Adquiridas!

Parece uma idéia legal, né? Só que não é: entre 1868 e 1876, um alemão chamado August Weismann fez uma experiência provando que o Lamarck estava para lá de enganado! O Weismann (que maldade!) cortou o rabo de várias gerações de camundongos e mostrou que, mesmo assim, os filhotes nasciam sempre com rabos! Ou seja, as características adquiridas por uma geração de seres vivos não passava para a próxima. Xi...e agora? Agora entra no jogo um tal de Darwin que vai explicar essa história direitinho...

 

Adaptou? Fica. Não adaptou? Cai fora!

Bom, a idéia do Lamarck era furada, mas serviu para provar que os seres vivos estavam mesmo sempre mudando. Só que faltava alguém para explicar como é que aconteciam essas mudanças. E essa alguém era o inglês Charles Darwin!

Em 1859, o Darwin publicou um livro chamado A Origem das Espécies, e esse livrinho botou fogo nas discussões sobre a evolução dos seres vivos! É que o danado do Darwin simplesmente apareceu com uma idéia totalmente nova: a tal da seleção natural.

Essa teoria que revolucionou a ciência dizia o seguinte: os animais e plantas estão sempre mudando, ao acaso. E, quando coincide de uma dessas "mudanças casuais" ser positiva para uma espécie, ela se mantém, se espalha e acaba virando uma característica da espécie! Ou seja, a natureza "seleciona" os bichos mais adaptados!

Vamos usar as girafinhas de novo para explicar melhor: o Darwin achava que, no meio das populações de girafas, de vez em quando aparecia uma diferente, por acaso. Pode ser que, antes de surgir a primeira girafa de pescoço comprido, tenha aparecido uma de pernas grossas ou de orelhas grandonas. Só que, como esse tipo de modificação não interessava em nada para as bichinhas, essas girafas acabaram morrendo.

Aí, um belo dia, apareceu uma girafa de pescoço comprido. E ela se deu bem: como era altona, conseguia comer mais, ficou mais forte e teve mais filhotes. Seus filhotes, que nasceram com pescoço comprido, também conseguiam mais comida que as girafas "despescoçadas" e também ficaram mais fortes. Com o tempo, as girafas de pescoço curto, que não se adaptaram bem ao ambiente, foram tendo menos filhotes, enquanto as pescoçudas, felizes e bem alimentadas, tinham vários filhotes, também pescoçudos. Até que um dia, todas as girafas de pescoço curto morreram e só sobraram as de pescoço comprido: pronto, a espécie tinha mudado!

E é assim que, ainda hoje, se explica a evolução das espécies. Só que o Darwin esqueceu de um detalhezinho: como é que, no meio de várias girafas de pescoço curto, apareceu uma de pescoço comprido? Milagre?

Uma mãozinha para Darwin

Para preencher esse "buraco" na teoria de Darwin, foi criada uma nova teoria. Ou melhor, uma "meia teoria", que "grudada" na de Darwin, virava uma teoria completa. E ela foi chamada de Neodarwinismo, ou Teoria Sintética da Evolução. O Neodarwinismo, que quer dizer simplesmente "Novo Darwinismo", explica porque, dentro de uma espécie, existem alguns seres que nascem meio diferentes.

Para essa teoria, a resposta está nos genes: é lá dentro que acontecem as "mágicas", que criam bichinhos diferentes no meio de um monte de bichinhos iguais! Um dos principais fatores que determinam essas "mágicas" é a mutação. Ela acontece quando um gene, sem mais nem menos, resolve mudar. Quer dizer, sem mais nem menos, não: existem algumas "coisinhas" que ajudam um gene a mudar. Raios X e radiação, por exemplo, são fatores mutagênicos muito fortes! Pode ter sido um gene mutante quem originou o crescimento do pescoço da primeira girafa "pescoçuda", por exemplo!

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