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Quando Tomás Nota estava subindo no Carrossel da Linguagem,
um garoto chamou sua atenção:
- Seu cadalço está desamarrado. Outro dia minha irmã
estava andando assim, caiu e machucou a boca dela. Meu avô até
falou: "É preciso circunspecção para não ter
de pernoitar no nosocômio". Aí nós riu.
O gerente do carrossel veio com uma colher e um vidrinho onde estava
escrito: "Xarope de Gramática".
- Que horror! Este menino está cheio de vícios de
linguagem! Assim não pode brincar no carrossel.
O homem fez o garoto engolir o xarope, e continuou:
- "Cadalço" é um barbarismo! Ou seja, escrever
ou falar desrespeitando as normas da Gramática. O certo é
cadarço. Ele também está com cacofonia:
"boca dela" tem um som que a gente confunde com "cadela". Parece que
a irmã dele machucou a cadela, e não sua boca.
Não dava descanso, esse gerente:
- E o solecismo, então? "Nós riu"... O verbo
tem que concordar com o sujeito. Se "Nós" é a 1ª
pessoa do plural, o verbo tem que estar no plural também: Nós
rimos.
E ainda arrematou, enquanto o garoto e Tomás Nota pulavam no
carrossel:
- Aliás, seu avô também precisava de um xaropinho
de Gramática. Por que dizer "é preciso circunspecção
para não ter de pernoitar no nosocômio"? Assim fica muito
mais claro: é preciso cuidado para não passar a noite
no hospital. Que preciosismo!
Havia um riso preso entre os lábios de Tomás Nota. Ele
gritou, quando o carrossel começou a rodar:
- Carrossel é barbarismo!
E explicou para o garoto que tomou xarope:
- Como carrossel é uma palavra francesa, na verdade, usá-la
como se fosse da língua portuguesa é um barbarismo.
Garoto esperto, este Tomás Nota.
Vícios de linguagem são erros gramaticais muito praticados,
como o barbarismo, a cacofonia, o solecismo e o preciosismo.