Tic tac interior

Seu corpo não tem despertador nem mostra as horas, mas dentro dele funciona um relógio...biológico! Esse relógio é quem regula quando a gente vai sentir sono e quando a gente vai querer acordar. Mas que tal começar essa história do começo?

Ninguém vive sem dormir, mas ninguém vive só dormindo. Por isso nosso organismo funciona em uma espécie de "roda-gigante": a gente acorda, depois dorme, depois acorda de novo, dorme de novo...Cada um desses ciclos de "dorme-acorda" é chamado de circadiano. Nominho meio esquisito, né? Mas o que importa é o significado dele: "cerca de um dia". Nosso ciclo ganhou esse nome porque ele dura...cerca de um dia, é claro! Mais precisamente, 24 horas e 18 minutos!

E o relógio biológico? Bom, é ele quem "administra" nosso circadiano. Se você faz uma viagem para o Japão, por exemplo, seu relógio biológico tem que rebolar para adaptar seu circadiano ao novo horário. E sabia que viajando para o leste nosso relógio tem menos trabalho do que viajando para o oeste? É que, como todo dia nosso circadiano "passa" 18 minutos do horário, o relógio biológico tem mais facilidade de "adiantar" as horas do que de "atrasar". E como os fusos horários da terra aumentam em direção ao leste, já viu, né?


Síndrome dos dedos leves

Todo mundo sabe que roubar é uma coisa muito feia. Mas...e se uma pessoa simplesmente não consegue deixar de roubar?
"Ah, que conversa mole é essa?" , você deve estar pensando. Afinal, ninguém rouba se não quiser, certo? Errado! Quer saber por que?

Assim como nosso corpo fica doente, às vezes nossa mente também pode ficar. E quando você está com uma febre bem alta, por exemplo, por mais que você queira não dá para jogar bola, né? Do mesmo jeito, alguém que tem uma doença mental também pode não conseguir fazer determinadas coisas..ou não conseguir deixar de fazer.

É esse o caso de quem sofre de cleptomania: a pessoa não consegue deixar de roubar! E o mais estranho é que o cleptomaníaco normalmente rouba coisinhas sem valor, que ele poderia comprar se quisesse.

Mas...porque diabos ele não compra? Ninguém sabe direito. É que os distúrbios mentais são bem mais complicados do que os do nosso corpo. Por isso é difícil dizer o que causa a cleptomania, e qual é o jeito certo de tratar. Muita gente já se curou indo ao psicólogo ou tomando remédios anti-depressivos, mas nenhum médico descobriu um tratamento 100% eficiente contra essa "mania de afanar".


O pai da digestão

Você almoça e, depois de algumas horas, aquela comida toda deixa de ser comida e se transforma em xixi, cocô e energia. Que mágica será que acontece lá dentro do seu corpo? Hoje em dia é só dar uma espiada no conteúdo do Canal Kids que você descobre rapidinho, mas no século 19 a digestão parecia mesmo uma coisa cheia de mistérios.

As pessoas sabiam tão pouco do que acontecia dentro da sua barriga que até existiam duas teorias sobre o funcionamento do sistema digestivo: a escola da iatroquímica, que achava que a digestão era um processo químico, e a da iatromecânica, que pensava que a digestão era apenas uma "trituração" da comida, .

Foi só com o trabalho de um médico do exército que essa "polêmica alimentar" acabou. O tal médico era o Dr. William Beaumont e, olha só que engraçado, foi meio por acaso que ele se tornou o "papai da digestão". Tudo começou por causa de um acidente um bocado nojento. Está preparado para ouvir? Então lá vai:

Em 1822 um homem chamado Alexis St. Martin levou um tiro! E esse tiro atingiu o estômago deles. Só que, em vez de cicatrizar como todo machucado, a ferida do estômago do Alexis continou aberta, e virou um coisa chamada de "fístula gástrica externa". E adivinha quem foi o médico chamado para cuidar do pobre Alexis? O Dr. William Beaumont!

Vendo aquela ferida que nunca sarava, o Dr. Beaumont pensou lá com os botões do seu jaleco: bom, se não é possível fechar esse machucado, talvez eu possa usá-lo como uma "janela" para descobrir o que se passa dentro do estômago da gente! E foi isso que ele fez: durante muitos anos o Dr. Beaumont estudou o funcionamento do estômago humano através do Alexis.

E foi assim que William Beaumont descobriu que a tal escola da iatroquímica estava certa, mas que iatromecânica também tinha um pouco de razão.

Mas...e o Alexis? Ele viveu bastante bem com sua "janela estomacal" e morreu aos 86 anos, ou seja, 58 anos depois do acidente.




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